Veja um grafo dos poemas de Deborah Brum
O ódio não cabe no poema O ódio branco no copo no leite o copo o leite o leite transborda O ódio branco não cabe no poema É preciso estender o poema.
Diga-me que as escamas não são as nossas peles. Que os olhos de peixes vidrados ainda procuram um rosto de identificação entre tantas faces que nos aparecem em quadrados. Delimitados. Deus deve ser isto: o lugar onde tudo se cabe, mas onde nada se tem. Esfrego a pele com a melodia da música porque não se sustenta escamas em ossos macios. É preciso da pele fina, das coisas que se deixam escorrer. Chegam as borboletas. Capturo com a língua a borboleta azul. Suas asas batem suave dentro da minha boca. Aguçam minhas papilas gustativas. Deixo-me escorrer em saliva, em secreções de afetos. Babo do meu veneno, desse fármaco preciso. O som blue... O som blue... Infla-me as bochechas macias, o corpo não suporta o peso das significações. Deve ser isto, Deus?
por entre minúsculas faz-me falta sentir as peles moles, duras as rugas entre os dedos, tentando acariciar o tempo em sua pele de pluma. o tempo, as bocarras abertas falam e falam por entre letras minúsculas, sem a pausa do tempo do texto, da voz, do corpo endurecido. faz-me falta o recolhimento da fala diante do gesto da imobilidade do silêncio das plumas, das palavras sem intenções. o movimento de Pietá, meu filho, meu filho, rogai por nós.