A solidão do corpo
As paredes que me fizeram crescer me abandonaram,
O útero que me formou não me defendeu,
A singela secreção salgada jorrou como nunca
Em um insuportável grito silencioso,
Do corpo,
O corpo é sal
O corpo é água
Mas o corpo dói
O corpo arde
O corpo queima
O corpo aguarda amargamente o ilá dos ancestrais
Para consolá-lo
Mas que ancestrais?
O corpo não tem ancestrais
O corpo não tem consolo!
Porque fora apenas tolerado.
É no ponto de ônibus que a inquietação toma seus pés.
Disfarça.
É no ponto de ônibus que o bate-bate das solas sobe para as mãos e se transforma num estralar incessante de dedos.
Ameaça?
É no ponto de ônibus que procura em sua bolsa desesperadamente pelo que restou do maço.
Pirraça?
No ponto de ônibus hesita, lembra de quantos de seus dias serão tirados por conta d’aquilo.
FUMAÇA!!!
Pronto... Agora nem Buda alcançaria aquela paz.