o que não cabe no poema

Deborah Brum Gerar poema da máquina
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O ódio não cabe no poema
O ódio branco 
no copo 
no leite
o copo 
o leite
o leite transborda
O ódio branco não cabe 
no poema
É preciso estender o poema.
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Oração de um pecador

NANO Gerar poema da máquina
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Pai nosso escute 
A minha oração

Pai! Desde a minha nascência
A minha vida repleta 
Está de turbulência
Mas na tua graça 
Tenho na minha consciência
Que a minha vida
Seria uma desgraça
Sem a tua benevolência  

O coração muito dói-me pai
O coração muito dói-me
Por saber que muito pequei
E infelizmente pouco a ti busquei

Peço perdão pai
Peço perdão 
Pelos os meus pecados 
E que não faças menção
De toda a minha transgressão

Pois tenho dentro de mim
Uma alma que muito clama
Que a tua palma
Sobre a minha vida
Continue estendida 

Oh pai! Nessa triste e curta caminhada 
Nessa triste e curta caminhada
Que é a vida
A imundice a mim persegue
Mas na tua graça
Não me consegue
Porque de perseverança
O meu coração repleto está 
E de gratidão o meu cálice transborda

E a ti agradeço 
Pois não mereço
Mas tenho

Mesmo não merecendo 
Tenho o teu infinito 
E ousado amor
Mesmo que o mundo
Só me transmita dor

E o teu amor pai
O teu amor 
É o que faz-me insistir 
Em persistir, para não desistir
De existir, e deixar fluir em mim
O teu existir

Que o mundo se ajoelhe a ti
E que a tua graça resplandeça 
Com a tua presença
Que a esperança exalte a tua força
E que ela cresça 
Nesse mundo cheio de crenças

Oh pai! Escute a minha humilde oração
Pois ela vem de todo o meu coração
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100 ANOS DE CLARICE (1920 - 2020)

André Vaz de Campos Tourinho Gerar poema da máquina
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Retirante de terras distantes
Daqui fez cenário de epifanias
Da prosa, um jardim de rosas
Em espinho, vincos dilacerantes.
Seus laços, deixados ao salto de planos
Resistem à prova do tempo soberano

Palavras cruas e certeiras
Nunca em busca de certezas
Contra rios, inimiga do óbvio
A ela, rocha se torna pluma

Capitu ucraniana (nascida),
pernambucana (escolhida)
De olhar enigmático, penetrador
Transcendente narrador

Em chamas a mente lança
E magistralmente desnuda, 
À luz de penumbras,
Cada sentimento que nos apossa.
Fotografias entre preto e branco
Como lavar-se de tamanho encanto...
Um século de seu advento
E como esplendorosa supernova
Sua estrela mostra não ter hora.

2020 | Salvador, BA
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Reminiscências do útero

Beatriz Di Giorgi Gerar poema da máquina
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  •        
Reminiscências do útero

Nossa história é parecida.
Tornei-me pessoa na água 
e desde então vivo do ar,
vivo no ar.
A vida é uma onda gigante
ora se espalha, ora retrai.
Ora a vida me leva, ora levo ela.
minha presença não faz diferença, exceto quando o centro da terra balança como um acalanto uterino, quando não respondo por mim.
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Em fome serviram o Salvador

Patrick Zapata Gerar poema da máquina
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  •        
Em fome serviram o Salvador
E quão tribulações que tiveram
E quão tribulações que tolheram
Em sede serviram o curador

Apóstolos de Cristo o pregador
E mártires de Cristo morreram
E quantos seguidores sofreram
E santos no deserto provador

Que venha sofrimento repressões
Espero no senhor a salvação
Estamos no caminho em procissões

Seguindo a direção da redenção
Se falho reconheço em confissões
E firme permaneço na oração
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Eu preciso urgentemente respirar

Ana Sancho Gerar poema da máquina
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  •        
Sou um céu cinzento em um campo de margaridas douradas,
E não consigo pensar em mais nada,
Além do quanto eu me aprofundo em você 
e mesmo assim não sei o seu nome 

Sinto os anéis em volta dos meus dedos,
Os carros começaram a se mover muito rápido, 
Minhas pernas grudam na minha pele,
Meu cabelo encosta nas minhas bochechas,
Eu consigo me sentir cega,
E mesmo assim continuo a derreter,
Tentando conter os pedaços quebrados 
com minhas mãos amparadas

Talvez você não compreenda 
o quanto eu tentei te entender,
Mas eu não consigo aceitar nada que não é meu
E não venha me chamar de egoísta,
Quando se está acostumado com o privilégio,
a igualdade parece opressão

Uma pequena parte minha ainda se pergunta
Porquê foi tão fácil você desistir de mim,
Eu só queria sentir algo,
Algo diferente do que a chuva caindo lá fora,
O ar que me sufoca nesse silêncio ensurdecedor  
E a completa solidão em se perder nas próprias imaginações,
Procurando palavras de consolo que confortem
a velhinha tomando sol,
o grupo de amigos felizes,
os jovens adultos perdidos em um amor como o nosso

É difícil atravessar as ruas com a ventania,
E dançar com a sua sombra parece justo 
quando procuro seu rosto por cada sala que eu passo,
Mas acho que seus olhos nunca foram meus,
Queria que você me olhasse igual olha para ele
Afinal, quem mais secaria minhas lágrimas 
Quando meus olhos caíssem do rosto? 

Pensar demais acaba matando a felicidade,
Mas eu nunca estive errada sobre tudo isso,
Inclusive sobre você.
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modernidades

RaIZA Gerar poema da máquina
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  •        
padeço da falta de tempo
ou acostumei-me a dizer que não o tenho?
em meio a obrigações
e tolices cotidianas
deixo escapar poemas
que nunca mais nascerão
uma ideia perdida 
não  volta
é poeira na ventania
faço listas, pixs, transferências e pago boletos
conto dinheiro
e às vezes esqueço de respirar
então invento pausas 
para dizer 
que o poema cabe no tempo
sem poesia, a vida se perde
0
Meus sonhos são 
a repetição 
do abismo 
onde meu corpo 
é lançado 
e fisgado
em loop
infinito
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SIGNOS DE PASSAGEM

Sidnei Olivio Gerar poema da máquina
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  •        
a tarde se estende 
feito um rio canalizado 
em avenidas perdidas. 

corredores que emendam
esquinas,  refúgios,
amores vãos, 

verbos tecidos em lençóis 
de hotéis baratos.
anseios mal intencionados, 

carregam imensa questão:
aqui estamos ainda 
incertos do que será - 

manter a forma 
ou primar a rima?
faço as pazes com a dúvida. 

deixemos tudo no chão,
esse acúmulo de luares
e palavras infames. 

versos repetidos 
habitando nossa boca
como uma memória sem ruído. 

sentença de existir 
para entender o possível:
transformar arte em lugar. 

quadro que sustente
o corpo desvestido 
de rosto ou nome. 

DNA da saliva presa
numa xícara de café
ou na tampa da caneta. 

quem sabe de nós 
imersos na cidade
a ouvir oráculo das runas? 

no futuro da hora
pisamos sobre as coisas
que já não cabem no mundo.
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desobrigações

Mariana Reis Gerar poema da máquina
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  •        
não dar nomes as coisas

mas tentar:
criar palavras para
descrever o deitar do sol no rio

imaginar o que as maritacas fazem 
no topo das árvores
quando se encontram alvoroçando a
linguagem

enxergar o rio pingando no céu
e fazendo das nuvens
relvas

contar as libélulas que pairam
no tempo
perceber que suas asas
são douradas
talvez roxas

desconfiar que o horizonte
termine em algum lugar

desenhar um poema
de (in)finitude

imaginar que
na verdade tudo isso
está no ponto convexo das
descrições

permanecer no
inverso.
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Palavras chave

Fábio Junqueira Gerar poema da máquina
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  •        
Peças d’alma 
anima, instinto
extinto 
animal
corpo físico, etérico 
terra, água, ar e fogo
cabeça, tronco, membros
éteres
éter
vital, químico e calórico
vegetal
fruto, semente, caule, folha e raiz
mineral
sensível, visível, mensurável, 
suprassensível cosmos
lua, planeta e sol
Eu
pensar, sentir e agir
ir para o mundo
no carinho do amor
mundo p'ra novos mundos
travessias
onde for
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Insensatez

Elly Rodrigues Gerar poema da máquina
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  •        
Acho que esbarrei
em alguém ou em algo
Não sei dizer
Nem lembro de acontecer
Talvez imaginei?
Algo comum do meu ser
Talvez esqueci?
Isso eu vivo a fazer

Um cheiro agradável
Esta úmido, esta frio
Uma sensação memorável
A primeira gota cai
Para complementar esse trio
Chuva que vem
Para relembrar minha essência
Corpo que se prendeu
Em estado de inercia
Mente que vive
Em tanta divergência

Estou encharcada
Enlouquecida e machucada
Continuo intocada
pela sensatez que faz falta
Nem lembrava de estar viva
Achava que nela mandava
Só sou uma garota perdida
Em crise, no meio do nada
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Voltei a Israel

Garzón Medina Gerar poema da máquina
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  •        
Voltei a Israel e encontrei algumas mudanças
Mas será que foi mesmo Ela que mudou ou será que fui eu?

Voltei para o Meio do Mundo
No ponto de intersecção entre o novo e o velho

Existe um cheiro no ar
Um cheiro que não sei o que é, nem de onde vem, mas que só Ela tem

Já procurei, mas não encontrei 
Não é um cheiro que se encontra para vender
É o cheiro do ar,
Do mar,
Das águas,
Do suor 

Mas dessa vez eu quase não senti o cheiro
Ele estava discreto, escondido entre suas ruínas

Eu não gosto de deixá-la e nossa despedida é sempre muito triste
Mas eu sempre volto
Eu nunca sei quando será a próxima vez

Mas eu sempre volto para o Meio do Mundo
Para o Meio Oriente
Para o Oriente Próximo
Que eu gostaria que fosse mais próximo

Mas quando ela precisa de mim eu cruzo mares, montanhas e desertos para vê-la
A minha Israel
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Somos um só
Nós os dois um só,
Enrolados no nosso amor tipo um nó
Somos um só,um só corpo
Um só sentimento
Um só comprometimento
Um só livramento
Somos um só, 
Eu sou você, tu es eu
A nossa cumplicidade é do tipo Julieta e Romeu
Es poesia, eu harmonia
Música, eu melodia
Alegria em dicotomia
Somos um só 
É estranho porque apenas nos conhecemos a meses
Mas os nossos pensamentos são gêmeos siameses
As vezes,
Viajamos juntos
Voamos juntos
Somos um só,
Entre nós não há lutas
Quando te espalhas eu te junto
E quando me espalho tu juntas
Sem sombra de dúvidas
Somos um só
Vejo no nosso eixo, duas pessoas com a mesma alma,
O meu é o teu desejo, é mesma a chama
Com aroma da fumaça que nos chama 
Com, ou sem aquela nossa cama
Somos um só, 
Reflexo do verdadeiro amor
Nexo no sentido do mesmo amor 
Raíz da mesma flor
Prazer da mesma dor
Numa só estrutura
Numa só figura,
Numa só ternura
Numa só bravura,
Somos um só…
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Olhos de flor

Hélder Ngulele Gerar poema da máquina
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  •        
Lá nos pântanos
Jazem flores sem cântaros
Na companhia dos pássaros
Lindos viajantes

Lá nos recantos da cidade
Onde abunda oxigénio
E o gênio da vida
Dormem flores sem jardineiros
Apenas velhos fazendeiros
Que nem sabem o que fazem

Lá no coração da floresta
No mais profundo vale
Jazem muitas flores
Clamando por socorro
Alimentando-se das pequenas gotas de água
E das migalhas de pão que restam em seu lar,
Seus olhos brilhantes,
Olham aquele nascer do sol radiante,
Com um ruído estranho na barriga,
Sustentam-se com um  sorriso e uma brisa
Sentados mais uma vez a rua
Cantando como sempre!
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O CORPO

Rita Taliba Gerar poema da máquina
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  •        
O corpo é só um corpo
O corpo não é amor
Aceitar que é assim e pronto
Aceitar e saber onde pôr:

Onde pôr o corpo que não tem mais vida,
Onde pôr a vida que não tem amor.
Onde pôr o amor que o corpo convida,
Quando ganha corpo a dúvida, senhor?
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Heroínas do século XXI

Guerreira Gerar poema da máquina
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  •        
Barriga chapada 
Cabelos compridos
Corpo magro
E braços finos 

Além de carregarmos inúmeros problemas 
Criam novos pras nossas pequenas 
Mulher sou e sempre serei 
Com a dor de ter um útero conviverei

“Um bicho que sangra todo mês não é de Deus”
Mas cuidado ao usar uma saia 
Porque eu não consigo conter o pequeno Zeus
“Vai se cobrir sua pirralha!”

Engraçado né, sou obrigada a me cobrir 
Sendo que são os garotos que não sabem como agir 
Sou obrigada a emagrecer 
Para assim ser aceita ao você me ver 
Sou obrigada a sangrar 
Lavar roupa, a louça, a trabalhar 
Mas mesmo assim um salário menor receber 
E nunca igualdade ter 

Sou mulher sim
E a sua opinião nunca vai me mudar 
Sai pra lá seu macho escroto 
Vai estudar!

Luto pelos meus direitos de igualdade 
E ainda assim mantenho minha classe 
Posso até dizer que sou uma super heroína 
Até mesmo quando uso meia fina 
Na boca eu passo a linha 
Sem poder nunca encurtar a minha roupa 
Oh, vida louca!
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Sinto muito… 
Sinto ódio, rancor
Tédio, pavor do brilho de uma flor
Medo da dor, 
Do prazer do verdadeiro amor
Eu sinto o fardo dos oprimidos
Os bastardos, os excluídos
Mas também sinto alguma angústia
Algumas dúvidas,
Será que a paz vai bater em minha porta?
Será que as barragens da vida trazem comportas?
Sinto muito,
Sinto o fim do mundo
Sinto o peso do submundo
Eu sinto muito,
Sinto o escuro do cego
O silêncio do surdo
Quieto como se eu fosse mudo
Irmão, sinto muito…
Sinto pela perda dos nossos heróis
Sentado na praça dos heróis
Eu sinto muito,
São sentimentos do tipo tormentos
Fundamentos sentidos sobre os meus sentidos
Sinto muito…
Na verdade,
Eu sinto que na verdade,
Fundamentalmente não sinto nada
Sinto um vasio literalmente nadando em nada
No panorama da minha existência
Dentro da conferência
Entre a lógica e a minha consciência
Há também abundância de violência
Desculpe, eu sinto muito!...
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INFERNO ASTRAL

Rita Taliba Gerar poema da máquina
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  •        
INFERNO ASTRAL

Sonhei que estava vacinada
Corria livre pela rua
Só eu que estava imunizada
E era eu que acendia a lua 

Tinham me dado esse poder
De fazê-la cheia ou minguante
Eu esperava o anoitecer
Pra deixar o breu cintilante

Mas mesmo com o céu bem aceso
A cidade estava vazia
Passei a sentir todo o peso
Das noites e da astrologia

Tentei abrir mão do meu posto
Ninguém na cidade queria
O cansaço estava em meu rosto
Nem mesmo escrever conseguia

E assim, numa noite esquisita
Não fui! Deixei todos no escuro...
E uma voz (pareceu bem aflita)
Veio me chamar pelo muro

Não vou! Respondi, decidida.
“- Só vim pra saber se está bem
Senti falta da luz, da vida
Que a tua energia contém.
Sem medo da noite ou do escuro
Queria saber só de mim
Cedi, sem pensar no futuro
Ou no meu passado sem fim

Do vírus, sabia o segredo
Voltei a escrever, fiz um verso
Nós dois nos beijamos sem medo
E a lua acendeu pro universo
0

Decreto anti romântico

®JC21 Gerar poema da máquina
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Olha
Não sou crente do amor.
Olhares pra mim não
Dizem quase nada.

Só dor.

Sem intenção acabo seu 
Mundo
 Peço desculpas 
Quase eternamente.

Derrubei teu Deus.
Matei tua mente.
Caminho escuro à frente.

Não chore, jovem.

Precisa mais de realidade.

Vida latente.

Mundo lá fora louco.
Morte de idealizações.
Seu príncipe encantado
Já digo 
Tá morto
Então não espere
O mundo de fadas te encontrar.
Nunca se dará.
Infelizmente.
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