Visualizando o varal de 2020

Poema da Máquina

Sugerido por: Jose Luiz Goldfarb

2 likes
  •        
brincar, fuzilar e reluzir
brincar, editar e imprimir
psicrómetro p'ra novos higrómetros
os proletários no indivíduo

0

Suruba na gaveta dos papeis mofados

Susannah Gerar poema da máquina
6 likes
  •        
Um ácaro acaricia
a sílaba-chama.

Na pele da palavra
suor em escamas.

Um ácaro aguarda
a sílaba em pelo,

Uma palavra ama
um ácaro no joelho.
1
é Tânatos alegre
a cores na teve
não é mentira
que ele te veja
pelos olhos teus
sem inocência

Tu o sabes
sem a leveza 
das aves

vem de leste
vem d’oeste
desce e sobe
de Norte a Sul
a mal que vem
matamouros
ergue muros

Tu o sabes
sem a clemência
dos peixes

sombra meridiana 
de veridiana
consistência
que subsiste 
obscura e inferior
da alma à tez

Tu o sabes
com teus pés
de lagarto
2

Sou Mente (Me convence)

Zeh Rendeiro Gerar poema da máquina
8 likes
  •        
Te convence
És corpo
Só corpo
Apenas corpo

calça
camisa
sapato
Cobrem teu corpo

És corpo
Apenas corpo
cabeça
tronco
membros

Sou corpo
Sem metade 
Oposta
Sem vontade
Sem resposta 

És corpo
Parado
Que anda
Para lá
Para cá

Escreve
Se escreve
És mente
Pense!

Se penso
Sou mente
Se minto
Nem corpo sou
Não mente

Me convence
0

renga política

Valmir Jordão Gerar poema da máquina
2 likes
  •        
cosmopolita

sinto algo de podre - 
e muito ruim, entre
Recife e Berlim.

história do Brasil II

nosso problema não é a democracia.
quem sempre nos vampiriza -
são as oligarquias.

da questão política

o coletivo passou - 
e me queimou
na parada.

direitos civis

é pau , é pau , pau -
reza a cartilha
neo liberal.

desengano

em nosso país - 
a esperança tornou-se
um grilo verde.

valmir jordão
1

Gostar de você

anônimo Gerar poema da máquina
3 likes
  •        
Gostar de você é algo que não consigo imaginar.
É como a magia das ondas no mar.
Gostar de você é amar, é querer, é sofrer.
É amar, porque o amor é o sentimento mais lindo que um ser possa ter.
É querer, porque lutamos para obter tudo o que queremos.
É sofrer, porque o sofrimento enobrece, com o sofrimento o ser humano cresce.

Gostar de você é desejar estar sempre ao seu lado.
Estar sem você é como uma noite fria e sombria,
trazendo a angústia ao meu coração.
E, quando você aparece, é como a luz do sol
a despontar no iniciar de um novo dia,
acabando com a escuridão sombria da noite,
aquecendo um coração frio.
2
Ramos sobre a cabeça
no corpo da esperança
O invisível se desfaz
Quem somos e as 
Ondas de vento
não vêm mais

Te espero nos encontros
Vieses do tempo
Agora passados

O que passou, passou
Mas ainda resta muito de mim
No que em mim já foi 
e tende vir a ser

O vai e vem do estar
bem novo, bem velho, peculiar
Sabendo, de alguma forma:
as palavras precisam chegar a algum lugar

Não se engane, lá vem ele
O impeto fará renascer
Quando menos se espera
Olhe só, bem atrás de você!
0

Haicai

Carmo Jesus Gerar poema da máquina
1 like
  •        
A chapada queimou
Biomas agonizam
Jacaré seco
1

A navegar por águas familiares

Beati Do Giorgi Gerar poema da máquina
2 likes
  •        
Quando meu tio punha o Dorival na vitrola eu vibrava.
Assim aprendi admirar o mar.
Mas não entro fácil nos navios e os encontro pela narrativa transformada em lembrança.
Os navios que trouxeram meus bisavós eu admiro.
Admirar é bom, mas amar é melhor.
Minha mãe amava e admirava o mar transparente.
E amo boiar no raso do mar e só assim posso admirar o que é externo
E alheio a mim.
Assim é o caminho de amar como uma onda despretensiosa no mar, que me delicia lembrar.
2

Enquanto houver luz

Bruno César Gerar poema da máquina
5 likes
  •        
Enquanto houver luz 
e o sol eu puder ver, 
não irei sossegar. 

Enquanto houver luz 
e eu puder me expressar, 
vou falar, gritar, gesticular. 

Enquanto houver luz 
e eu puder andar, 
eu vou procurar 
um simples canto na noite 
onde eu possa descansar. 

Bruno César dos Santos
0

Suspensa

Carol Aspen Gerar poema da máquina
1 like
  •        
Me sinto desconectada
Meio fora de mim
Com a cabeça suspensa
Neste corpo sem fim

Meu corpo segue pesado
É difícil me encontrar
Submerso de passado
Pro futuro se achar

O futuro é incerto
O presente que se perde
O passado encoberto
Com a sombra que persegue

Essa sombra se esconde
Mas tem muito a revelar
Talvez seja como ponte
Instrumento para voar

Esse voo vem pra dentro
Suspensão que vem dizer
Como asa ao relento
Minha força para ser
1

Numa casca de noz

Amélia Piagno Gerar poema da máquina
3 likes
  •        
És infinda água marinha
Sondas, ondas, não definha
E nós? Que somos? Somos quê?
Nunca praia, talvez rodo
Talvez papel, nunca estorvo
2

ATÉ QUE A VELHICE NOS APAGUE

Carlos Gildemar Pontes Gerar poema da máquina
2 likes
  •        
ATÉ QUE A VELHICE NOS APAGUE

O mundo incendeia lá fora
Mas eu sinto frio
sinto o frio no coração
O gelo da solidão
Essa solidão perversa
Que mata a nossa alegria
E finge que vai embora
Escondendo-se atrás da porta
Nos deixando mais mortos
Mortos em vida
Até que a velhice nos apague.
0

Cultura afro–brasileira

Marina Viana Gerar poema da máquina
22 likes
  •        
Para começo de conversa
A culpa é do preconceito! 
Apesar de cada olho
Vê uma coisa de um jeito. 
Vou falar de um assunto: 
Aviso, não é brincadeira. 
No preconceito que há
Com a cultura afro-brasileira!

O modo como são tratados
É de tirar o sossego! 
A grande dificuldade 
Pra conseguir um emprego 
E tudo isso acontece 
Pelo fato de ser negro. 
Um desrespeito tremendo 
Que tento, mas que não entendo.

Penso, porém, não compreendo: 
O porquê de tal desdém 
Se vida que é o importante: 
O branco e o negro tem! 
Se é negro, chamam de negro.
Se é branco, chamam pelo nome.
Agora, eu vos pergunto —
Onde vai parar o homem?

Tem gente ignorante
Com rancor e preconceito 
Pensa que branco é melhor. 
E que não possui defeitos! 
E esquece que os dois:
Bate um coração no peito!
Que tanto um quanto o outro
Há deveres e direitos!

Mas o negro atualmente: 
Vem conquistando espaço
A ficha está caindo 
Pelo menos, é o que acho!
Contando com as conquistas
Que já é primeiro passo!
Não se pode desistir
Por tentativas e o cansaço. 

E mais uma prova disso
O eleito Barack Obama 
Foi presidente dos EUA 
É negro e cheio de fama!
Mas ainda há quem sofra: 
Enfrentando o maior drama
Por causa desse problema 
Lágrimas ainda se derrama!

Entre fracasso e derrota
Há muito o que se esperar. 
Ser maltratado ninguém gosta!
Disso posso afirmar 
Todos querem o bem pra si!
E se falar em preconceito: 
Alguns tentam encobrir 
Só para enfim fingir…

Ser negro não é diferente
De ser de qualquer outra cor
De falar outro idioma
Ser da Roma
Sim, senhor!
Pois, diferenças são normais. 
O que é estranho mesmo: 
São preconceitos raciais!

Porque se fôssemos iguais: 
Não teria nenhuma graça 
Já pensou se existisse 
Na Terra, só uma raça?
Todos idênticos e tal
Seria sim, com certeza: 
Uma confusão total 
Enfim, nada de especial. 

Todos com a mesma cor
Pensamento, raça, religião 
Seria um grande tédio 
Carro o mesmo que avião 
Existiria casa, não prédio.
Guitarra, mas não violão 
Seria tudo igual 
Sem diferenciação…

Agora vamos falar
Um pouco dessa cultura 
Pois, para tanto racismo 
Só o amor é a cura!
Pra desfazer o egoísmo 
E melhorar a ventura 
Entre as pessoas claras 
E as de pele escura.

Uma arte conhecidíssima
Na cultura afro-brasileira 
Uma arte marcial 
É a tal da capoeira! 
Criada por escravos negros 
Durante o período colonial 
Que conquista muita gente 
No nosso tempo atual.

Instrumentos afro-brasileira:
Afoxé, agogô 
Atabaque, berimbau 
Xequerê e o tambor 
Faz parte dessa cultura 
Que encanta criaturas 
Que luta contra o racismo: 
Com muita força e bravura!

Porque o preconceito é uma nódoa
Que mancha a gente por dentro.
Que incomoda todo mundo 
Um dos piores sentimentos!
Que maltrata e magoa
Um inútil orgulho vão 
Que agride as pessoas 
Falta de aceitação. 

Mesmo de cor diferente: 
Branco e negro, tanto faz. 
Perante aos olhos de Deus 
Um e outro são iguais! 
E não adianta mesmo 
Preconceitos raciais 
A cor não torna ninguém: 
Nem mais pouco e não tão mais!
1

VÍRUS VIROU

virginia finzetto Gerar poema da máquina
7 likes
  •        
um vírus do avesso no mundo 
deixou todos para dentro 
com a coroa de espinhos na cabeça 
e nada nas mãos
2
d   e s   p i  u a  a  r m  a d u   r a

c o  n s   t  r  u  í d a  d e t   a b u

c e   d  e u s  e  u c o  r p o  n   u

c a r  e n t e  d e  e s t r u  t u r a
0

DEIXEM-ME QUIETA, AQUI EM CASA

Rita Taliba Gerar poema da máquina
4 likes
  •        
DEIXEM-ME QUIETA, AQUI EM CASA

Deixem-me quieta, aqui em casa
Nada tenho para dar
Nada! Daqui para o mundo,
Porta da frente pro fundo,
Da tela pro seu olhar

Deixem-me quieta, aqui em casa
Nada poderei levar
Da minha casa pra rua
Da minha vida pra sua
Daqui pra qualquer lugar

Deixem-me quieta, aqui em casa
Nada posso acrescentar
Aos animais, às pessoas
Às coisas más e às boas
Aos dias que irão passar

Deixem-me quieta, aqui em casa
Já nem posso mais andar
Todo passo meu é falso
Sangra o meu pé tão descalço
É aqui que devo ficar
1

No ponto de ônibus

Abraão Borges Gerar poema da máquina
28 likes
  •        
É no ponto de ônibus que a inquietação toma seus pés. 
Disfarça. 
É no ponto de ônibus que o bate-bate das solas sobe para as mãos e se transforma num estralar incessante de dedos. 
Ameaça? 
É no ponto de ônibus que procura em sua bolsa desesperadamente pelo que restou do maço. 
Pirraça? 
No ponto de ônibus hesita, lembra de quantos de seus dias serão tirados por conta d’aquilo. 
FUMAÇA!!! 
Pronto... Agora nem Buda alcançaria aquela paz.
2
A busca pela rima perfeita
Não uma entre as mesmas
Mas inaudita em diferença
Opulenta da forma etérea
Tal qual mensagem carrega

Poesia não é escrita
É música imaginativa
Que de somente palavras necessita
Caso haja mente armada de sinfonia

Desperta-nos movimento, ritmo
Comove-nos sentimentos, melodia
O fardo pela criação de algo digno
À vista de partituras de risca canônica

O árduo equilíbrio
Entre o vômito silvestre
E o cientificismo
Técnico ao que escreve

Tons receados de inexatidão
Ou literalidades tomar-los-ão
Angústia a qual jamais ocorreria
A olhares movidos a antipoesia

O impasse eterno
De preciso ser verdadeiro
Ou levar-se a retê-lo
Em prol de um belo

A inglória luta de vencer o efêmero
Desmotivada quando em processo
Até o momento em que se lendo
A entrega completa pelos versos,
Embora outrora fora posta à prova rigorosa,
Há a composição de uma identidade própria
Creio que o despertar alheio seja a glória
Que, de curiosa forma, torna-se nossa.

André Vaz de Campos Tourinho
12/02/20 - Salvador
0

Contemplação

Beatriz Badim Gerar poema da máquina
129 likes
  •        
a poesia 
cinge
o ventre
do verbo,
um vórtice
entre
duas realidades:
a do papel-palavra
que enforma
as pausas, 
as sílabas,
as rimas
as vírgulas 
candentes 
na forja 
dos versos
e a da voz-imagem
que em aragem
ondulante
de estradas
distantes
vai em busca
do não-significado
nos horizontes 
(im)possíveis
da página.
1