Poemas anteriores
brincar, fuzilar e reluzir
brincar, editar e imprimir
psicrómetro p'ra novos higrómetros
os proletários no indivíduo
Um ácaro acaricia a sílaba-chama. Na pele da palavra suor em escamas. Um ácaro aguarda a sílaba em pelo, Uma palavra ama um ácaro no joelho.
é Tânatos alegre a cores na teve não é mentira que ele te veja pelos olhos teus sem inocência Tu o sabes sem a leveza das aves vem de leste vem d’oeste desce e sobe de Norte a Sul a mal que vem matamouros ergue muros Tu o sabes sem a clemência dos peixes sombra meridiana de veridiana consistência que subsiste obscura e inferior da alma à tez Tu o sabes com teus pés de lagarto
Te convence És corpo Só corpo Apenas corpo calça camisa sapato Cobrem teu corpo És corpo Apenas corpo cabeça tronco membros Sou corpo Sem metade Oposta Sem vontade Sem resposta És corpo Parado Que anda Para lá Para cá Escreve Se escreve És mente Pense! Se penso Sou mente Se minto Nem corpo sou Não mente Me convence
cosmopolita sinto algo de podre - e muito ruim, entre Recife e Berlim. história do Brasil II nosso problema não é a democracia. quem sempre nos vampiriza - são as oligarquias. da questão política o coletivo passou - e me queimou na parada. direitos civis é pau , é pau , pau - reza a cartilha neo liberal. desengano em nosso país - a esperança tornou-se um grilo verde. valmir jordão
Gostar de você é algo que não consigo imaginar. É como a magia das ondas no mar. Gostar de você é amar, é querer, é sofrer. É amar, porque o amor é o sentimento mais lindo que um ser possa ter. É querer, porque lutamos para obter tudo o que queremos. É sofrer, porque o sofrimento enobrece, com o sofrimento o ser humano cresce. Gostar de você é desejar estar sempre ao seu lado. Estar sem você é como uma noite fria e sombria, trazendo a angústia ao meu coração. E, quando você aparece, é como a luz do sol a despontar no iniciar de um novo dia, acabando com a escuridão sombria da noite, aquecendo um coração frio.
Ramos sobre a cabeça no corpo da esperança O invisível se desfaz Quem somos e as Ondas de vento não vêm mais Te espero nos encontros Vieses do tempo Agora passados O que passou, passou Mas ainda resta muito de mim No que em mim já foi e tende vir a ser O vai e vem do estar bem novo, bem velho, peculiar Sabendo, de alguma forma: as palavras precisam chegar a algum lugar Não se engane, lá vem ele O impeto fará renascer Quando menos se espera Olhe só, bem atrás de você!
A chapada queimou Biomas agonizam Jacaré seco
Quando meu tio punha o Dorival na vitrola eu vibrava. Assim aprendi admirar o mar. Mas não entro fácil nos navios e os encontro pela narrativa transformada em lembrança. Os navios que trouxeram meus bisavós eu admiro. Admirar é bom, mas amar é melhor. Minha mãe amava e admirava o mar transparente. E amo boiar no raso do mar e só assim posso admirar o que é externo E alheio a mim. Assim é o caminho de amar como uma onda despretensiosa no mar, que me delicia lembrar.
Enquanto houver luz e o sol eu puder ver, não irei sossegar. Enquanto houver luz e eu puder me expressar, vou falar, gritar, gesticular. Enquanto houver luz e eu puder andar, eu vou procurar um simples canto na noite onde eu possa descansar. Bruno César dos Santos
Me sinto desconectada Meio fora de mim Com a cabeça suspensa Neste corpo sem fim Meu corpo segue pesado É difícil me encontrar Submerso de passado Pro futuro se achar O futuro é incerto O presente que se perde O passado encoberto Com a sombra que persegue Essa sombra se esconde Mas tem muito a revelar Talvez seja como ponte Instrumento para voar Esse voo vem pra dentro Suspensão que vem dizer Como asa ao relento Minha força para ser
És infinda água marinha Sondas, ondas, não definha E nós? Que somos? Somos quê? Nunca praia, talvez rodo Talvez papel, nunca estorvo
ATÉ QUE A VELHICE NOS APAGUE O mundo incendeia lá fora Mas eu sinto frio sinto o frio no coração O gelo da solidão Essa solidão perversa Que mata a nossa alegria E finge que vai embora Escondendo-se atrás da porta Nos deixando mais mortos Mortos em vida Até que a velhice nos apague.
Para começo de conversa A culpa é do preconceito! Apesar de cada olho Vê uma coisa de um jeito. Vou falar de um assunto: Aviso, não é brincadeira. No preconceito que há Com a cultura afro-brasileira! O modo como são tratados É de tirar o sossego! A grande dificuldade Pra conseguir um emprego E tudo isso acontece Pelo fato de ser negro. Um desrespeito tremendo Que tento, mas que não entendo. Penso, porém, não compreendo: O porquê de tal desdém Se vida que é o importante: O branco e o negro tem! Se é negro, chamam de negro. Se é branco, chamam pelo nome. Agora, eu vos pergunto — Onde vai parar o homem? Tem gente ignorante Com rancor e preconceito Pensa que branco é melhor. E que não possui defeitos! E esquece que os dois: Bate um coração no peito! Que tanto um quanto o outro Há deveres e direitos! Mas o negro atualmente: Vem conquistando espaço A ficha está caindo Pelo menos, é o que acho! Contando com as conquistas Que já é primeiro passo! Não se pode desistir Por tentativas e o cansaço. E mais uma prova disso O eleito Barack Obama Foi presidente dos EUA É negro e cheio de fama! Mas ainda há quem sofra: Enfrentando o maior drama Por causa desse problema Lágrimas ainda se derrama! Entre fracasso e derrota Há muito o que se esperar. Ser maltratado ninguém gosta! Disso posso afirmar Todos querem o bem pra si! E se falar em preconceito: Alguns tentam encobrir Só para enfim fingir… Ser negro não é diferente De ser de qualquer outra cor De falar outro idioma Ser da Roma Sim, senhor! Pois, diferenças são normais. O que é estranho mesmo: São preconceitos raciais! Porque se fôssemos iguais: Não teria nenhuma graça Já pensou se existisse Na Terra, só uma raça? Todos idênticos e tal Seria sim, com certeza: Uma confusão total Enfim, nada de especial. Todos com a mesma cor Pensamento, raça, religião Seria um grande tédio Carro o mesmo que avião Existiria casa, não prédio. Guitarra, mas não violão Seria tudo igual Sem diferenciação… Agora vamos falar Um pouco dessa cultura Pois, para tanto racismo Só o amor é a cura! Pra desfazer o egoísmo E melhorar a ventura Entre as pessoas claras E as de pele escura. Uma arte conhecidíssima Na cultura afro-brasileira Uma arte marcial É a tal da capoeira! Criada por escravos negros Durante o período colonial Que conquista muita gente No nosso tempo atual. Instrumentos afro-brasileira: Afoxé, agogô Atabaque, berimbau Xequerê e o tambor Faz parte dessa cultura Que encanta criaturas Que luta contra o racismo: Com muita força e bravura! Porque o preconceito é uma nódoa Que mancha a gente por dentro. Que incomoda todo mundo Um dos piores sentimentos! Que maltrata e magoa Um inútil orgulho vão Que agride as pessoas Falta de aceitação. Mesmo de cor diferente: Branco e negro, tanto faz. Perante aos olhos de Deus Um e outro são iguais! E não adianta mesmo Preconceitos raciais A cor não torna ninguém: Nem mais pouco e não tão mais!
um vírus do avesso no mundo deixou todos para dentro com a coroa de espinhos na cabeça e nada nas mãos
d e s p i u a a r m a d u r a c o n s t r u í d a d e t a b u c e d e u s e u c o r p o n u c a r e n t e d e e s t r u t u r a
DEIXEM-ME QUIETA, AQUI EM CASA Deixem-me quieta, aqui em casa Nada tenho para dar Nada! Daqui para o mundo, Porta da frente pro fundo, Da tela pro seu olhar Deixem-me quieta, aqui em casa Nada poderei levar Da minha casa pra rua Da minha vida pra sua Daqui pra qualquer lugar Deixem-me quieta, aqui em casa Nada posso acrescentar Aos animais, às pessoas Às coisas más e às boas Aos dias que irão passar Deixem-me quieta, aqui em casa Já nem posso mais andar Todo passo meu é falso Sangra o meu pé tão descalço É aqui que devo ficar
É no ponto de ônibus que a inquietação toma seus pés. Disfarça. É no ponto de ônibus que o bate-bate das solas sobe para as mãos e se transforma num estralar incessante de dedos. Ameaça? É no ponto de ônibus que procura em sua bolsa desesperadamente pelo que restou do maço. Pirraça? No ponto de ônibus hesita, lembra de quantos de seus dias serão tirados por conta d’aquilo. FUMAÇA!!! Pronto... Agora nem Buda alcançaria aquela paz.
A busca pela rima perfeita Não uma entre as mesmas Mas inaudita em diferença Opulenta da forma etérea Tal qual mensagem carrega Poesia não é escrita É música imaginativa Que de somente palavras necessita Caso haja mente armada de sinfonia Desperta-nos movimento, ritmo Comove-nos sentimentos, melodia O fardo pela criação de algo digno À vista de partituras de risca canônica O árduo equilíbrio Entre o vômito silvestre E o cientificismo Técnico ao que escreve Tons receados de inexatidão Ou literalidades tomar-los-ão Angústia a qual jamais ocorreria A olhares movidos a antipoesia O impasse eterno De preciso ser verdadeiro Ou levar-se a retê-lo Em prol de um belo A inglória luta de vencer o efêmero Desmotivada quando em processo Até o momento em que se lendo A entrega completa pelos versos, Embora outrora fora posta à prova rigorosa, Há a composição de uma identidade própria Creio que o despertar alheio seja a glória Que, de curiosa forma, torna-se nossa. André Vaz de Campos Tourinho 12/02/20 - Salvador
a poesia cinge o ventre do verbo, um vórtice entre duas realidades: a do papel-palavra que enforma as pausas, as sílabas, as rimas as vírgulas candentes na forja dos versos e a da voz-imagem que em aragem ondulante de estradas distantes vai em busca do não-significado nos horizontes (im)possíveis da página.