Visualizando o varal de 2020

Calmaria

Patricia Silva Gerar poema da máquina
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Calma, ria...
No embalo do balanço ela ia... e como ria.
Na onda do mar, o pé  gelado, correria, e como ria...
Ria ao acordar, ao andar, de mãos  dadas ela ia...
Nos cachos de seu cabelo, no vento que batia..
Ela ia, ela ria...
Que delícia de calmaria...
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Sem saída

Sayane Santiago Gerar poema da máquina
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Sem saída 

Sou preto e pobre!
Morador da favela, 
minha casa é um barraco,
minha escola na viela.

Na minha mesa não tem fartura, 
na minha casa não tem lazer, 
com menos de um salário mínimo, 
eu tento sobreviver. 

Emprego bom para mim?
Não tem não!
Além de ser pobre, ser preto.
Não é fácil meu irmão. 

Sou seguido em toda loja, 
em supermercados também,
só por causa da minha cor.

Não tenho onde guardar 
tanta dor.
A sociedade nos rejeitara, 
por causa da nossa raça, etnia e cor.
Será mesmo que isso nos define seu doutor. 

Autora: Sayane Santiago.
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saltar do ar para o arame
facear o afamado infame

glosar a ganância vil
preservar o pau brasil

lavrar a lavoura arcaica
com versos de veia voltaica

resistir ao aplauso avindo
saber-se ser vil servindo

romper com o referendo
renascer ainda morrendo

ser poeta não é objetivo
ser poeta é objetar

e manter-se vivo
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Pande(a)mor

Natalie Verndl Gerar poema da máquina
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Acordei em um mundo novo.
Aqui não se ama, é devastador e frio.
Me senti desesperada, sem nada a dizer.
Recorri às poesias:
Não despiam a alma.
Eram apenas rimas riscadas
Como uma velha agulha em um vinil.
O amor dilacerado
Era a persistência do silêncio.
Lamentei pela memória
Ser apenas uma memória.
Não era possível revisitar momentos
E quem diria criar novos.
Era um mundo novo e sombrio.
Em nenhum dos meus piores pesadelos
Eu te diria adeus assim.
Queria te pedir:
Para mais uma vez me olhar.
Aquele castanho olhar.
Você sabe que é impossível negar
Que ainda desejo há.
Desejo não se controla, só se reprime
E te devora.
Mas como iria te tocar?
O lugar onde tudo aconteceu
Não existe mais.
Sinto medo e dor.
Muita dor.
Cansaço, desilusão e um forte desamor.
Somos diferentes.
Mas por algum motivo,
Que hoje totalmente compreendo,
Nos encontramos.
Mas queria que você me desse adeus.
E nunca mais cruzasse meu caminhar.
Eu não sei negar:
Isto entorse e distorce minhas entranhas
E o tempo... Ah o tempo que deixei passar!
Seria perfeito misturar:
Whisky com Vinho,
Beatles e Elton John,
francês e inglês.
Mas amenos uma vez, me diga:
Nunca mais pensou naquele encontro?
Nem mesmo naqueles beijos?
Sei que nessa desordem:
Entre a vida e a morte
Eu venci!
Entendi por que você escolheu a mim
E logo deixou ir.
Eu não era uma menina apenas bonitinha.
E antes que eu percebesse, você voou.
Mas eu já voava sozinha.
E não precisava da sua insegurança
Para ser quem sou.
Pena que tanto tempo passou
E hoje, o mundo mudou.
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Está à minha janela

Grita sílabas toscas

Sua televisão alta
Aquela porta aberta
Fuma fixa o nada

Chegou sem avisar
Nem pegou a estrada

Ela, enluarada
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Desmedir-me

Pamela Mattos Gerar poema da máquina
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  •        
Lhe chamei meu bem 
porque amor era
E demasiadamente amor
eu já vestia.

Afeto atrás de afeto
desaprendi a ser desamor
Sou inteira, fogo e terra.

Entrega: 
atirar-me as águas 
Conheço, desconheço
ao envolver-me. 

É poça, é lago? 
É rio, é mar? 
Conheço, desconheço
ao cair. 

Não temo a queda, 
Temo a aterrissagem. 
Me apavora a superfície,

Meu desejo é o profundo.
Meu desejo é dispneico.
Meu desejo não existe.

Atiro- me: desaparece.

Aterrisso.
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Despertar em março

Tomás Fiore Negreiros Gerar poema da máquina
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  •        
Despertamos em março
que mal 
acabou. 

A janela em quadro.
Dia se pinta em raio,
reverberando no quarto
o que radia em verão.

As maritacas, condolentes,
pincelam o mar em nuvens
diante de vidros transparentes.
Em coro, cantam:

À'lamedasmosqueadas
ementregasaladas
dasfilasquimétricas
gondolasvaziadas

TROVÃO

De manhã, ainda é dia.
Grama testemunha 
e orvalho clama:
"há pouco chovia”.

Das varandas, a cidade.
Sonoridade ainda cinza,
sólida, estaiada, ereta. 
Acostumado ainda’via.

Lá ao fundo, 
dizendo que ainda é mundo
o vento uuuuuiva
na esquina.

Mas sinto estranha presença
da tua ausência.
Nem sabia
existia.

Naquilo, que parecia 
concreto,
duro,
útero, 
mundo; acordamos.

Despertamos em março
que mal 
acabou,
e 
ninguém 
sabia.
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Meu sertão amado

Martha Zimbarg Gerar poema da máquina
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  •        
Ai meu sertão amado
Eu fico admirada
Com tanta belezura

Deixei lá o meu passado
Um pequeno sobrado
No início da longura

Quanta palavra bonita
Posso fazer uma lista
Tudo ali tem amor

Quem me dera abraçar
E o sertão embalar
Nas cantigas de amor.
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Bem vinda Primavera!

Iran Marques, Poeta Cordelista Gerar poema da máquina
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  •        
"Depois de tantos frios,
Do céu chorar rios,
Do irmão vento arrancar folhas,
E fazer tapetes,
Foi seu tempo,
Inverno de sentimentos.

Os coloridos que reflorescem,
Anunciam a vida que resiste e insiste,
Em dizer que mais forte somos,
Nosso grito pela vida,
Para eles é incômodo,

Bem vinda primavera,
Traga toda pulsão de vida,
Que nosso coração espera,
E o orvalho matinal,
Nos acalente,
Na dor da vida triunfal"
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Uma vez eu escrevi sobre um peixe solitário.
Ele vivia num aquário sem nada.
Ele era muito triste e passava o dia sem perspectivas.
Um dia escrevi sobre um peixe solitário que se revoltou.
Tava de saco cheio de tanta mesmice.
Tava de saco cheio de ver as mesmas coisas.
Tava de saco cheio de ser sufocado.

Um dia escrevi sobre um peixe morto.
Que não sabia que não estava vivo.
Que boiava achando que estava nadando.
Que sentia o vento e achava que estava respirando.
Que via o tempo achando que estava se movendo.
Ele achava muita coisa
Mas na verdade ele não estava nem pensando.
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Gostar de você

anônimo Gerar poema da máquina
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Gostar de você é algo que não consigo imaginar.
É como a magia das ondas no mar.
Gostar de você é amar, é querer, é sofrer.
É amar, porque o amor é o sentimento mais lindo que um ser possa ter.
É querer, porque lutamos para obter tudo o que queremos.
É sofrer, porque o sofrimento enobrece, com o sofrimento o ser humano cresce.

Gostar de você é desejar estar sempre ao seu lado.
Estar sem você é como uma noite fria e sombria,
trazendo a angústia ao meu coração.
E, quando você aparece, é como a luz do sol
a despontar no iniciar de um novo dia,
acabando com a escuridão sombria da noite,
aquecendo um coração frio.
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Mulher

Elieni Caputo Gerar poema da máquina
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  •        
Meus sonhos caíram sob o olhar de elefantes negros.
Submergiram, repousaram e do barro renasceram –
são agora pássaros profanos que entoam seu canto
pra mulher banida dos sonhos humanos.
A mulher sonha que é animal, feito de sangue, couro e sal.
Na mata, ela alia-se ao espírito ancestral,
entoando um hino maldito que convoca do ventre da mata
a serpente e seus anjos caídos.
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De ossos e paradoxos

Carlos Versiani dos Anjos Gerar poema da máquina
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  •        
Quando os antigos e medievos 
Ruminando séculos
Sentavam-se frente aos tinteiros
E sozinhos
Teciam versos sobre os papiros
Surdos às vozes
Das terras e mares longínquos
De que sabiam
E de que não ouviam 
O mínimo rumor...

Quando erguiam
Da solidão dos mosteiros 
No corpo das letras
As formas das iluminuras
E o desenho corria 
Abrindo novos sentidos
E reaprendidos segredos
Da arte e dos ofícios...
 Detinham sob as penas
Todo o tempo do mundo

Lá fora a peste
Nas paredes os ossos
Nos burgos o comércio
Nada feria seus ouvidos
E corrompia sua visão
Que arguta percorria
À luz das velas
A silhueta das letras
Que se construíam
Libertas da razão
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Hoje quando tento
Em esforço inútil
Sorver o alento
Das teclas digitais
E viver a paz
No solitário refúgio
E emudeço os vídeos
E ateio fogo aos sons
Insistentes e repetidos
Que em mim vibram...

As janelas se abrem 
E as imagens voam
E se multiplicam 
Vorazes 
Sobre as crateras
Fósseis da civilização
E lágrimas vertem 
Aglomeradas 
Avessas ao sangue
Que ensopa o chão...

Lá fora a pandemia
Reina invicta
E dita a trilha
Réquiem macabro
Para o futuro
E dentro procuro
Um toco de vela
Que me revele
Um sonho leve
E das letras a luz
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Poema da Máquina

Sugerido por: RONALDO DECICINO

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  •        
esta gente são dois sistemas
espalhados pelo mês e pelo tempo
origem posta, vida é
que o vento vai levando pelo ar

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Solidão

Lilian Gonçalves Gerar poema da máquina
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  •        
Impossível fugir.
Insistente que é
me incorpora.
Se esconde
mas, nunca vai embora.
Mesmo que remotas ondas
de existências outras
venham me habitar
sabe que sempre só moram por fora
gostam de alpendres, varandas
mas se olham por entre frestas das janelas
ou espiam pelos cantos da porta
antes que entrem
vão embora.
E a fiel domiciliada
tal gato arisco
que se esconde a qualquer sinal de perigo
assim que percebe
silêncio
vazio
volta ligeira a seu lugar.
Sem pedir permissão
fecha as frestas
portas e janelas
me ocupa inteira.
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POR FIM

Giselly Rocha Gerar poema da máquina
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  •        
Todos os meus sorrisos
Foram verdadeiros e sinceros 
Pena que você não percebeu
E por fim depois escapar a sua bela amada
Dentro dos seus sonhos 
Você ainda a vê 
Mas ao mesmo tempo em que a vê
Não a reconhece
Por que de tal forma
Deixou escapar o seu diamante
O sol do seu dia se foi
E só restaram saudades
Do que já foi vivido
Mas que por fim
Foi terminado.
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Fantasma

Pamela Mattos Gerar poema da máquina
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  •        
Me chamou de meu bem 
porque amor era muito.
E demasiadamente só
já me bastava. 

Não estava demais,
era demais.
Dava-se ou tomava-se
Nunca nas entrelinhas.

Disse tudo e tanto. 
Abriu os olhos, a boca
o ouvido, os braços, 
as pernas, as mãos,

Diante de mim 
enfiou as mãos 
nas entranhas e puxou 
Entregou-me: 

Pulsante, sangrento,
tudo que eu mais desejava
de todas, não dela. 

Dava-se assim. 
Tudo ou nada.
Fogo ou gelo.

Não há cuidado 
que me desperte o 
ficar.

Desapareço.
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POEMA AOS ACOMODADOS

Carlos Gildemar Pontes Gerar poema da máquina
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  •        
POEMA AOS ACOMODADOS

Relaxa, vai dar tudo errado,
Vai para a rede e te afunda
Pende a cabeça de lado
A escarradeira imunda
Espera teu escarro
Cospe a gosma do cigarro
Depois tosse, tosse muito,
Até que o diabo te carregue.
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MINHAS LINHAS, MEUS TRAÇOS

Juares de Marcos Jardim Gerar poema da máquina
  •        
Minhas linhas, eu faço
meandros, caminhos,
apago, refaço, afago
estradas e trilhas
alinho desalinhos
percorro, não corro, fio desfiando.

Montanha, praia, mar
ao vento levando
sonhos, fantasias
voos alçando
sorrindo, brisando
tropeço, caio, me apoio
levanto, reinvento.

Prazeres renovo
nas fontes bebo
na emoção recarrego
aos abraços me entrego
Aos beijos me esfrego
Avanço, invado, me esbaldo
Exalo.
(Juares de Marcos Jardim - Santo André - São Paulo-SP)
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Mãe, deusa da criação, aprendiz de Deus. Filho é herança deixada pelo Criador. Um filho é a memória da mãe na Terra.

Mãe é aquela que se aproxima mais de Deus porque também cria.

Muitos são os momentos felizes ao lado dela, pois estar com a mãe é estar na companhia de D´us.
  
Mas o dia mais feliz da minha vida foi quando nos conhecemos e eu descobri que Ela seria a minha mãe e o Dela quando descobriu que eu seria sua filha. 

Eis o mistério da concepção.
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